
De fato, Deus amou tanto o mundo que enviou o seu Filho não para condená-lo, mas para salvá-lo (cf. Jo 3, 17). Foi para isso que Deus nos criou: para a comunhão com Ele, por meio de Jesus Cristo. Mesmo com o pecado, com a negação reiterada do homem ao amor de Deus, Ele continuou nos amando, nos ofertando seu aconchego de Pai. “E quando nós estávamos mortos por causa das nossas faltas, Ele nos deu a vida com Cristo” (Ef 2, 5a).
Essa vida é a vida imperecível, aquela na qual Jesus será revestido pelo Espírito na Ressurreição. É essa vida que Jesus compartilhou conosco, e tudo isso por graça. Por isso o Apóstolo irá dizer: “É por graça que vós sois salvos” (Ef 2,5b).
Porém, s. João nos vai recordar que a oferta de Deus em Jesus pode ser rejeitada: “a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações são más” (Jo 3,19). O pecado pode nos tornar insensíveis a ação de Deus. Ora, não foi essa a atitude de Israel apresentada em 2Cr 36, 15s: “O Senhor Deus de seus pais dirigia-lhes frequentemente a palavra por meio de seus mensageiros (...) Mas eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras”.
No entanto, ninguém pode fechar-se ao amor de Deus que é luz, sem sofrer as consequências. Israel perdeu sua terra, foi levado cativo. Foi preciso Israel chorar suas culpas às margens dos rios da Babilônia (cf. Sl 136, 1) para redescobrir o valor do amor de Deus. E o reencontrou porque Deus vem sempre ao nosso encontro. E Ele veio definitivamente ao nosso encontro no seu Filho Jesus. Nesse caminho quaresmal redescubramos o amor de Deus, reavivemos essa experiência e ajamos conforme a verdade, aproximando-nos da luz, e, assim, manifestemos que as nossas ações são realizadas em Deus (cf. Jo 3, 21).